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Madame Bovary, de Gustave Flaubert

22/08/2010

“Eles entraram numa dessas vagas conversas onde o acaso das frases nos reconduz sempre ao centro fixo de uma simpatia comum"




«Emma foi criada num convento e, por não apresentar sinais verdadeiros de que tivesse vocação para ser freira, volta à casa do pai e ali vive uma vida pacata no campo. Charles foi sempre um menino muito tímido e sem iniciativa e, tendo um pai omisso, foi sempre controlado pela mãe, tendo acabado por tornar-se médico. A mãe então indica-lhe uma viúva de posses com quem o rapaz se casa, vivendo uma vida morna de sentimentos. Certa altura, o pai de Emma parte a perna. Então, Charles vai prestar atendimento ao pai da jovem, acabando por conhecer e apaixonar-se pela rapariga. Posteriormente, as visitas à casa de Emma intensificam-se em virtude da saúde do seu pai. Depois de Charles ficar viúvo, o pai de Emma nota a paixão do médico pela sua filha. Sendo conveniente para Emma casar-se com Charles (pois ascenderia a sua posição social), o seu pai concede-lhe a mão de Emma.

Ao casar, Emma sente que ascenderá socialmente (como o seu pai quisera), que passará a sua vida em festas, em contacto com os nobres; mas logo entra num estado de profunda nostalgia ao perceber que o seu casamento é uma vida monótona, cercada aos afazeres do lar.

O casal então decide mudar-se para Rouen e quando isto ocorre Ema está grávida de Berthe. Instalando-se na nova cidade, Charles de certa forma ameaça com sua presença o farmacêutico Homais, que executa as funções de médico no local. Surge entre as duas famílias uma certa inveja, que não se deixa transparecer totalmente. É aí que Emma conhece León, um jovem com quem trava amizade e um amor platónico. No entanto, o rapaz muda-se para Paris com o intuito de estudar Direito, o que desencadeia na Madame Bovary uma incrível sensação de solidão e de tristeza, que é superada pelo aparecimento de Rodolfo. Este homem é um fidalgo decaído que vive de aparências com quem Ema vive um intenso caso de amor e com quem planeia fugir. Porém, na data marcada, Rodolfo escreve-lhe um bilhete avisando-a que não iria fugir; assim, Emma entra numa crise de depressão profunda, tempo em que se recolhe à religiosidade e se dedica ao marido.

Com a volta de León de Paris, Emma novamente se lança às suas aventuras amorosas, perdendo todos os limites do bom senso, envolvendo-se cada vez mais em dívidas, assinando muitas notas promissórias, dominada pelo consumismo e pela personalidade ansiosa que a conduz, finalmente, à ruína. Sem ter como pagar as dívidas, Madame Bovary resolve suicidar-se com arsénico e, depois de um período agonizante, ela falece. Charles não suporta a ausência da esposa e acaba por morrer de ataque cardíaco. Berthe, depois da morte da tia com quem ficara após a morte dos pais, vai trabalhar numa tecelagem como operária.»


Talvez a parte mais interessante da obra seja o facto de Emma inventar as aulas de piano para fugir ao marido e se encontrar com o seu amante, o que prova a sua inteligência: por exemplo, até inventava recibos das aulas. O facto de Emma ser uma rapariga da província e ser tão culta é também um facto interessante, pois prova-nos que existiam camponeses e camponeses...
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Emma lia muitos livros de romantismo e, assim sendo, sonhava com um amor perfeito que, para ela, nunca passou dum mero sonho. Esta obra de Flaubert é uma crítica à sociedade romântica, e basta-nos ver o fim que Madame Bovary tem para apercebemo-nos disso.
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Esta obra faz-nos reflectir também sobre o casamento e sobre o amor. Valeu a pena a Emma ter-se casado com um médico da cidade, se não ascendeu socialmente como queria ascender? Valeu-lhe a pena ter seguido os seus instintos no que pensava ser um amor verdadeiro? Consegue perceber-se que um casamento por interesse (por parte de Emma) não leva à felicidade, até porque ela nem teve a vida que queria, nem o marido que desejava. Emma pensou que encontrara a solução para a sua vida enfadonha no adultério, mas enganou-se, visto que nem no adultério encontrou a vida por qual ansiava.

Uma curiosidade: Gustave Flaubert concluiu Madame Bovary em 1856, mas só um ano mais tarde aparece em livro, depois de Flaubert responder em tribunal correcional por "ultraje à moral pública e religiosa e aos bons costumes"

Madame Bovary é um clássico da literatura que todos deveríamos ler. É um romance intemporal e que permanece, ainda, actual.
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*O resumo do livro (texto a rosa escuro) foi retirado da internet, não me lembro onde - quem souber a fonte do texto, por favor avise.
** Na imagem: Madame Bovary interpretada por Jennifer Jones, no filme de Minelli de 1949
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