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A Quinta dos Animais, de George Orwell (parte 1)

11/10/2015


Imagem daqui.
*O texto tem spoilers.

A Quinta dos Animais, de George Orwell, pode muito bem ser considerada a melhor analogia política do século XX, pode ainda ser considerado o livro do século XX – mas estas questões são subjectivas, aliás, que critérios se usam para classificar um livro assim: o número de vendas, a qualidade, a polémica, a popularidade do autor?

O livro foi originalmente publicado em 1945 e é uma sátira sobre a União Soviética de Estaline que, na perspectiva do autor, corrompeu os ideais marxistas através da sede de poder, da manipulação, da corrupção.

A história

Na Quinta do Infantado, uma noite os animais reuniram-se para ouvir o Velho Major, um porco que é o animal mais respeitado da quinta e que está quase a morrer. O Velho Major conta-lhes um sonho que tivera, sendo que esse sonho fez com que ele percebesse o significado da vida animal: os animais são miseráveis por causa do Homem, o fruto do seu trabalho árduo é aproveitado pelo Homem, o Homem mata os animais. Em suma, para acabar com a miséria é preciso livrar-se do Homem.

E os animais livram-se do Homem através da Rebelião, que já aconteceu depois da morte do Velho Major. O sr. Reis, proprietário da quinta, é expulso juntamente com a sua mulher, e os porcos Napoleão, Bola-de-Neve e Tagarela assumem o controlo da situação – mudam o nome da propriedade para Quinta dos Animais, resumem o pensamento do Velho Major numa doutrina a que chamam Animalismo, criando os sete mandamentos (que são escritos).

Nos primeiros tempos, a vida corre conforme o planeado: todos os animais trabalham, todos os animais descansam, todos os animais têm mais comida, alguns aprendem a ler, todos os animais são livres, nenhum animal é explorado.

Até que Napoleão começa a querer o controlo. Para isso, treina os cãezinhos recém-nascidos que passam a ser os seus guardas, dispensa os programas de educação de Bola-de-Neve, expulsando-o da quinta ou matando-o por ser um entrave (uma vez que seguia e fazia por concretizar os ideais do Velho Major), usa a lábia de Tagarela para manipular os restantes animais, altera os mandamentos (aproveitando-se do facto de poucos animas saberem ler).

A quinta progride, Napoleão faz negócios com o Homem (o que era proibido), mas os animais trabalham o mesmo ou ainda mais do que no tempo do sr. Reis – todavia, esse tempo é longínquo e os animais têm memória curta, com a excepção de Benjamim, um burro céptico que acredita que a vida nunca foi, e nem há-de ser, justa. Quando Napoleão convida os donos das quintas vizinhas para um jantar, de maneira a mostrar que os porcos conseguiam gerir uma quinta, os animais olham pela janela e não conseguem distinguir os porcos dos homens ou vice-versa: substituíram uma tirania por outra.
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