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Sobre o Acordo Ortográfico...

15/09/2013

...que tem gerado enésimas polémicas, contestação e mentes revoltadas.

Imagem daqui.
No decorrer dos anos em que estudei História, li textos de várias épocas (originais ou transcrições): textos medievais, textos modernos, textos contemporâneos. A tendência, à medida que avançamos cronologicamente, é que a língua ou, melhor dizendo, a grafia evolua de forma a ficar simplificada.

Não é preciso ser-se estudante de História ou ainda fazer uma visita aos arquivos distritais para verificar que a grafia da língua portuguesa mudou ao longo do tempo. Por estes dias acabei de ler um livro [mais sobre esse livro aqui], uma edição com mais de cem anos, que não foi propriamente fácil de ler: não pelo sentido da história, não pela escrita rebuscada do autor, mas pela grafia.

O livro é de 1909/10, sendo que em 1910/11, implementou-se um Acordo Ortográfico (será mais correcto dizer reforma ortográfica) que, basicamente, alterou a grafia complicadíssima com os duplos L (apenas para citar um exemplo) para a que hoje conhecemos. Essas medidas não foram grandemente aceites, tal como hoje não aceitamos o AO de 1990, que pretende simplificar a grafia.

E simples é a palavra de ordem deste Acordo Ortográfico e dos antigos, dos seus apologistas e dos seus detractores (se me permitem a rude interpretação), pois é isto precisamente o defendido e o criticado, a simplicidade. Porque a grafia fica demasiadamente simples, porque a tendência é a simplificação, porque se deve escrever tendo em conta a fonética, porque inúmeras razões.

A questão principal, na minha perspectiva, não é o facto de o AO tornar a língua simples, nem tem a ver com razões filológicas, filosóficas, éticas, linguísticas, políticas ou outras que, porventura, me poderei ter esquecido de mencionar. A questão tem a ver com praticidade.

Admitamos: nós apenas não gostamos do AO porque não é prático, porque não é viável, de um momento para o outro, reaprender a escrever (ou porque não queremos ou porque não podemos). Se perguntarmos a uma criança o que pensa do AO, ela não saberá responder e nem tão-pouco o irá criticar, porque já aprendeu a escrever assim do início – não tendo que passar pelo complicado processo dessa aprendizagem novamente.

A língua/grafia evolui e uma pessoa evolui com ela. De resto, como somos seres com livre-arbítrio, temos a liberdade de escrever como mais nos convém, isto é, de escrever como nos ensinaram ou de escrever como agora nos querem obrigar.
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